Não se diminua para caber num lugar pequeno
- Ana Luísa Vahl Dias

- 11 de mar de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de jul de 2024
Não apague seu fogo quente para viver no morno de um lugar que não é seu. Dar liberdade à sua própria luz é um ato revolucionário. Dar vazão para toda a sua verdade pode render momentos mágicos e, quiçá, mudar o mundo.

Mas é importante frisar: dar vez e voz ao seu brilho te fará compreender - e será necessário aceitar - que grande parte das pessoas do mundo vivem de maneira mediana e que isso se deve à superficialidade material do ser. Uma conclusão que assusta, mas liberta. Que haja coragem para ser livre.
A mediocridade caminha ao lado do medo. Um medo profundo de ser ofuscado por pessoas que brilham. Paralelamente, uma luta constante para não aprofundar-se em si. Não se engane, todos tem um brilho interno. Infelizmente, nem todos conseguem acessá-lo a tempo.
O medo é o principal gerador das coisas nebulosas do mundo.
Qualquer busca constante do ser humano está enraizada no medo. Tomando a grande busca por poder como objeto de observação, temos um dos maiores exemplos do medo em ação: é preciso ter poder para ter controle e, em posse de mecanismos de controle, é possível coagir e conduzir, mesmo que de maneira não-direta. Uma coação que surge, muitas vezes, para não ficar só, para se sentir validado ou para se sentir amado - mesmo que falsamente.
Falsamente, pois o amor é o oposto do medo - não do ódio. Amar pressupõe entrega, confiança e, principalmente, profundidade. Para sentir-se plenamente amado, é necessário amar plenamente. Para amar plenamente, é preciso aprofundar-se em si.
Aprofundar-se no amor. E em tudo o que ele envolve.
Aprofundar-se em si é um ato de coragem e não há espaço para o medo. Com o medo nesta equação, não há forças para aprofundar-se em si. Aprofundar-se em si nos coloca frente a frente com nossos maiores monstros.
Se o medo toma as decisões, como em sã consciência ele deixaria retornar para as maiores dores? Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia. Há mais coisas dentro de um único ser do que pode prever nossa vã consciência.
É importante ter admiração pela nossa profundidade, não vergonha dela. É preciso aceitar e abraçar a própria grandeza, o próprio brilho, mesmo que isso incomode quem vive no morno.
O mergulho em si e a liberação do próprio brilho é poderoso. Permite que pessoas iluminadas iluminem outras pessoas. Entretanto, pessoas no estado morno tendem a buscar o sufocamento do brilho de quem brilha forte. Não se zangue, pessoas em estado morno talvez nunca tenham visto tanto brilho e não sabem como brilhar também; têm medo de fracassar.
Quem vive no morno geralmente nem sabe como é brilhar. Mal sabem que o brilho é exatamente - e simplesmente - o que de mais profundo queima dentro de si. Não envolve o físico-material, é apenas o fogo da alma existindo nesta jornada, dando sentido. É a força de alguém que não tem medo de viver plenamente dentro - e fora - de si.
O medo de mergulhar dentro de si mesmo é o maior abismo ao qual é possível se expor. Só brilha quem abraçou as próprias sombras. Só brilha quem reconhece a beleza existente na imperfeição. Só brilha quem entende a singularidade de cada ser e a unicidade da vida. Só brilha quem sabe que a vida não é feita de iguais, mas de um conjunto de distintos.
Estar morno é uma defesa para fugir da vida. Estar morno é estar raso, é não estar em profundidade. Veja: estar. Por que todos somos brilho. O brilho está na alma, no sopro de vida. E, assim como os elementos químicos, os estados variam de acordo com os estímulos.
Quando se está em conexão com o próprio brilho, percebe-se de longe, enche a sala quando chega. Há autenticidade, não por se mostrar diferente, mas por se mostrar inteira, destemida. Há a infinitude do universo só num sorriso. Há acolhimento e expansão. Há cooperação.
Encontre o seu brilho e se expanda pelo mundo, pelo bem do mundo. E pelo seu.
Brilhe e ensine a brilhar. Brilhar é honrar e amar a dádiva de estar vivo.








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