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krenak está certo, a vida não é útil

  • Foto do escritor: Ana Luísa Vahl Dias
    Ana Luísa Vahl Dias
  • 24 de fev.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 27 de fev.

cultura

substantivo feminino

  1. complexo de atividades, instituições, padrões sociais ligados à criação e difusão das belas-artes, ciências humanas e afins.

"um governo que privilegiou a c."

  1. agricultura

ação, processo ou efeito de cultivar a terra; lavra, cultivo.



É impossível precisar o número exato de culturas no mundo mas, só no Brasil, existem mais de 305 etnias indígenas de acordo com o IBGE.


A partir do conceito da palavra, podemos ter uma percepção ainda mais aprofundada sobre o que é cultura. A palavra em si vem do latim: colere, que significa "cultivar", "cuidar" e "crescer". A cultura humana teve início ao cultivar frutos e grãos, mas está diretamente ligada ao ato de cultuar, ou seja, dar valor à, manter, venerar.


Um conjunto de práticas, crenças e costumes cultuados e mantidos por uma sociedade.

O número de culturas é diretamente proporcional ao número de povos e tradições existentes no mundo - e mesmo assim, definhamos em uma cultura que se sobressai às demais pela agressividade, individualização e desumanização utilizada para seu mantimento: a cultura do mercado. 


O povo europeu, como um prenúncio de uma cultura de exploração e destruição, passou como um trator por cima das culturas originárias do Brasil quando invadiu nosso território impondo seu jeito de viver, crenças e cultura como os únicos aceitos por deus. 


A grande justificativa utilizada para tamanho horror foi o deus deles, o qual também é parte estruturante de cultura, com conceitos e regramentos totalmente construídos pelos seres humanos e alternada de acordo com os objetivos daquele povo.


Fé e religião são coisas diferentes. A fé te liberta, a religião te doutrina e te limita; justifica atos injustificáveis em nome de algo que nunca te pediu nada.

Para fazer valer-se da própria vontade, pessoas desconectadas da sua humanidade utilizam a força, a manipulação, a ignorância, a guerra e a destruição para tomar o controle e definir o que deve ou não ser base estrutural de uma sociedade. Com a globalização, as culturas cada vez mais se misturam e quem grita mais alto ganha.


Quando Ailton Krenak diz que a vida não é útil, ele abre uma reflexão profunda e sincera sobre o que estamos fazendo com nossas vidas - e com o mundo em que vivemos. A única verdade absoluta existente, baseada numa estrutura lógica para a convivência humana racional, é que a minha liberdade termina quando a do outro começa.


Infelizmente, essa premissa é altamente ignorada e desrespeitada na sociedade que criamos, dando vida ao racismo, ao machismo, à homofobia, à xenofobia e tantas outras agressões sem sentido. Tudo isso com uma falsa justificativa de deus, merecimento e outras superficialidades criadas pelos seres humanos para justificarem seus atos agressivos e maldosos.


Você já pensou quais são as verdades absolutas que você carrega consigo pelo simples fato de não questioná-las? Por não se perceber e se encontrar como ser ativo dessa sociedade?


O que você acredita? O que faz sentido para a sua experiência no mundo?

O capitalismo, que come tudo, destrói tudo, esgota toda e qualquer reserva natural e social que existe sem pedir licença pra ninguém, impõe uma visão de mundo que impede ativamente que se exerça a liberdade do bem-viver, do bem-fazer e do bem-sentir.


Esse movimento incontrolável e o culto ao dinheiro estão tirando a liberdade de quem depende da mata e dos rios para levar sua vida e que não está interessado em acumular dinheiro e comprar coisas. O consumo desenfreado é tão destruidor que engole até quem não quer ter nada a ver com ele.


No momento em que as ações do outro me impedem de exercer a minha liberdade, significa que os limites foram ultrapassados. Essa ansiedade que obriga que todos pratiquem o mesmo esporte, tenham os mesmos gostos, desejem as mesmas coisas não é natural e não deveria existir.


Evoluir não é uma obrigação. Não é necessário avançar o tempo todo. O fluxo da vida pode ser calmo, sereno e focado no bem-viver.

Esse sistema esmagador que criamos é uma história de mal gosto que, toda a manhã, nos obriga a acreditar que precisamos produzir e consumir para sermos parte de algo que nem sequer existe. Talvez, somente compreendendo a filosofia dos povos originários, seja possível compreender o erro terrível que estamos cometendo.


Mas esse não é um texto triste. Na verdade, esse texto tem como objetivo trazer esperança. A cultura é mutável e se transforma ao longo do tempo, incorporando aspectos mais adequados à sobrevivência.


Neste momento, a sobrevivência está literalmente ligada ao desacelerar e voltar a si.


O homem branco, enquanto conceito de ser eurocentrado e patriarcal, impôs sua visão, sua cultura e suas crenças a todo e qualquer ser desta terra, seja ele quem for, venha de onde vier, acredite no que acreditar.


Da mesma forma que essa visão foi imposta, ela pode ser deposta, como qualquer ciclo natural da vida.


A visão de que este sistema é o único caminho possível é uma limitação mental, um condicionamento trabalhado durante anos para que fosse aceito como verdade absoluta. Uma manipulação da realidade que há anos está nos levando à destruição, dor, doença e esgotamento de recursos. O grande problema aqui não é o consumo, mas a falta de controle sobre ele. Será que você precisa mesmo de um novo smartphone todo ano porque, em cada uma das 4 câmeras que ele carrega, teve a adição de um pixel a mais?


Sem ar, não respiramos. Sem plantas, não comemos. Sem água, nosso corpo não consegue fazer as tarefas básicas para se manter vivo. O que é essencial ao ser humano foi escondido debaixo das sucatas e toneladas de lixo gerados todos os dias.


Estamos na era da depressão, da ansiedade e das doenças mentais e, com um pouco de reflexão lógica, é possível perceber esse movimento acontecendo em paralelo à destruição do movimento orgânico da vida. Quanto mais pressa, mais ansiedade. Quanto mais objetivos materiais, mais depressão. Quanto mais evolução tecnológica, mais solidão. A gente desaprende a ser uno com o todo e respeitar o que está ao nosso redor.


Mais do que nunca, é preciso despertar. Apesar do poder estar nas mãos de poucos, somos muitos e podemos, em comunidade, começar a retornar para um estado mais saudável do existir. Este é um movimento comunitário, mas individual. É preciso querer e ter força para desintoxicar-se dessas verdades absolutas que vendem pra gente desde que nascemos.


A vida é viva e a cultura é movimento. Sempre é possível dar outroritmo para o que se está construindo.


Que o ego e os desvios de caráter não sejam maiores que nossa alegria de estar nesta terra.


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